segunda-feira, 19 de julho de 2010

Página Pessoal


Sou jovem, sim. Mas ser jovem por fora, aos olhos da sociedade, não significa que seja jovem por dentro.
Costumam brincar comigo, dizer que pareço mais velha.
Não sei mais do que os mais velhos, não sei mais do que muita gente da minha idade no que respeita a coisas teóricas da vida, no que respeita a algumas coisas da escola, no que respeita ao que fazemos aqui, nesta sociedade. Segunda esta última, sou ainda uma criança.
Sim, há uma criança em mim que ainda não esqueci e que, por vezes, mostra um pouco de si.
Mas a criança conheceu demasiado cedo o que não devia ter conhecido. A criança cresceu depressa demais.

Ri com toda a intensidade, sabendo que o mundo não era meu, mas que havia um cantinho só para mim.

Chorei, e ainda choro, noites seguidas, de dor, abraço-me com toda a força possivel, temendo que esta seja demasiado forte, que mais uma falsa promessa, mais um sorriso seguido de um adeus seja o fim.
Cresci a ser a amiga da qual todos precisavam e cresci sendo aquela que deu tudo e nada recebeu em troca.
Cresci ao amar com todas as minhas forças as pessoas que acreditei que mereciam ser amadas e cresci ainda mais ao ser posta de lado por algumas, ao ser a razão do mal para outras.
Cresci a acreditar que podia ser feliz, que aqueles em quem confiamos nunca nos irão trair, que para sempre é para sempre e pouco mais.
Cresci ao ouvir as promessas, ao comover-me com palavras, com perguntas preocupadas e dias de brincadeiras e conversas sérias.
Cresci ajudando os outros a crescer.
E, ao invés de me ajudarem a florescer, cada um deles tira uma pétala da minha flor... Mal-me-quer, bem-me-quer... O destino...
Não sou sábia, nem filósofa, nem sei mais do que os adultos. Não.
Apenas vivi e descobri que a vida é uma escola, que aprendes com cada sorriso e cada lágrima, que se te atirares de cabeça magoas-te, mas que se não o fizeres podes nunca ter a oportunidade de o fazer.
No final, não sou mais adulta do que as outras crianças.
Apenas cresci depressa demais e, ao invés de deixar a flor florescer e ser a mais bonita do campo, escolheram-na para tirar, pétala a pétala, todas elas. Escolheram esta flor para ser o destino, para os ajudar a entender. E, quando acabarem, esta flor será deitada na rua, sem sepultura.
Porque, para eles, serei sempre uma flor e, embora alguns se lembrem de mim, no fim, serei apenas pó.

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