quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Olho sem ver, o meu olhar preso numa memória intemporal que se desenrola mesmo à minha frente.
Chama por mim, essa memória e, no momento presente, dou por mim a avançar incrédula, mas também credulamente para ela.

Avanço um passo, dois, começo a correr, lutando contra o tempo para a alcançar...
Abro os braços, como se para abraçar algo palpável e distinto.

É aí que, num rasgo de inteligência, me apercebo de que foi, de que não é.
Um rasgo de surpresa, de saudade... Uma memória que se desvanece...

Desaparece, enfim, do meu mundo e, enquanto olho mudamente pela janela onde o sol se põe, descubro o meu reflexo e não o passado presente.

E olho, cada vez mais, à procura.
E continuo sem ver.

3 comentários:

  1. E se isso acontece num sonho? Uma memória inesquecível que aparecesse como um filme a repetir, repetir e repetir?... Conseguirias suportar essa memória ou nunca dormirias?

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  2. Acho que chegaria um ponto onde não conseguiria suportá-la mais

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