terça-feira, 26 de novembro de 2013

Fim do Mundo


Nem sei se ainda tenho sombra, ou se apenas duvido dos batimentos do meu coração.
Estou encarcerada, nas quatro paredes que formam o meu ser. Não sei de mim, tal como tu.
Estranhamente, dás-me a mão, percorrendo comigo esse nosso caminho, que não vai ter a nenhum lado.
A tua voz chama por mim, desperta batimentos irregulares, leva-me pela mão através de um certo país das maravilhas, todo ele meio apagado, cheio de tudo aquilo do qual desejo fugir, escapar. País das Maravilhas impiedoso, como já dizia Murakami. No fim de tudo, ele é que tinha razão.
Diz-me, consegues trazer de volta o meu coração? Vai tudo ficar bem?
É que tenho medo. Do frio nas minhas mãos, da escuridão do céu, das sombras que me fogem por entre os dedos, do passado que não agarrei e do futuro que me escapa.
Tu também tens medo. Só que os teus medos são diferentes dos meus.
Beija-me, bem no topo da cabeça. E sussurra-me, à medida que o vento revolteia os meus cabelos, e tento tocar-te; tu que me escapas

estás tão perto, mas sinto-te tão longe


Vai ficar tudo bem. Amo-te.

2 comentários:

  1. "diz-me, consegues trazer de volta o meu coração?" como está tão simplesmente poderoso, catarina..
    o futuro é veloz, mas talvez o possas ainda agarrar - vem sempre um novo futuro depois de o mais próximo passar. que os medos não te escureçam a visão, que possas correr para a luz. que possas segurar o futuro mais claro. um beijinho

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  2. "É que tenho medo. Do frio nas minhas mãos, da escuridão do céu, das sombras que me fogem por entre os dedos, do passado que não agarrei e do futuro que me escapa." adorei, adorei, adorei! um beijinho

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