sábado, 7 de dezembro de 2013

A Escuridão do Jardim

Destruo-me no meio do negro, automaticamente, sem reflexões idiotas. Dou ouvidos às minhas vozes, que gritam em fúria cá dentro, e não saem para respirar o ar frio da noite.
Já não sei o que digo. As palavras seguem-se, uma após a outra, e eu gostava de saber se procuro convencer-te, ou se desejo acreditar eu própria no que digo. E sei lá o que isso

...é!
De nada serve apertares-me contra o teu peito enquanto a tua cabeça repousa longe da minha. Colo em ti as minhas mãos quentes, na esperança que te despertem.
Desculpa, acordei-te? Olha, fala comigo um pouco, porque me sinto só.
Ouvem-se apenas suspiros, e a erva faz cócegas às sombras. Há vento lá fora, muito leve, que vem bater à porta.
Quem és? Quem sou?
Ninguém permanece acordado no silêncio pesado da noite.
Beijo-te as pálpebras e relembro o teu toque, como que lenha na lareira que sou eu, no fogo em que me transformo, e na chama consumada e fria que fico, quando estás no teu mundo.
Fecho os olhos, estremeço. É madrugada outra vez. E outra, outra...
Madrugada, sim.
Mas nem o Sol que nasce, nem o teu coração que bate ao pé de mim, afastam a escuridão.
Ela? Apodera-se do jardim.

3 comentários:

  1. obrigada, obrigada, obrigada Catarina :) vou seguir o teu blogue, tens magia...:))

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  2. Obrigada Catarina porque sim eu preciso tal como todos precisamos. E espero que esse teu jardim se encha de sol e flores. Força (;

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