Ela senta-se na pedra e quase não sente como está fria. Senta-se e pensa no que está do outro lado do rio. Senta-se e observa, com os olhos a encherem-se de lágrimas. As pessoas passam e não reparam, porque ela deixa o cabelo cair na frente dos olhos e esconde. Mas os seus pensamentos não param quietos e ela pensa em tudo e em nada, e as lágrimas caem com mais força, com tanta força que magoam, e ela coloca um braço à volta da barriga, para se aconchegar, para se proteger.
Olha, vamos descansar um bocadinho, pequenina. Vamos ficar aqui, sossegadas, só com a música nos ouvidos, vamos ficar aqui, não andes mais, não procures mais. Se estenderes os olhos, consegues ver aquilo que procuras.
Cala-te, mente irrequieta, ninguém te chamou. Calem-se todos vocês, que não vêem que ela não quer ver.
Vá, em silêncio, vocês. Deixem-na estar mais um bocadinho assim. Sentada e longe do mundo.
Porque todos passam por ela e ninguém vê, e ela gosta que assim seja.