domingo, 13 de setembro de 2015

Sou uma cicatriz.
Ela costumava dizê-lo, nas horas em que o vento soprava com mais força, pejado de restos de espigas e de relva da cor dos prados verdejantes.

Sou uma cicatriz.
Movia-se em corridas loucas como se depressa, cada vez mais depressa, fosse a única forma de escapar das garras do ar irrespirável, dos convites loucos da vida para rebolar e despedaçar a carne, por entre rasgões no vestido.

Num pequeno soluço de vitória, cobre-se o solo de pétalas douradas do Outono que chega, confiante de que dará azo ao Inverno dos meus sonhos, neves cintilantes e fora do pânico de desaparecer nos céus carregados de poluição.

Abandonados todos os seus pertences e navegando confiante por entre as ervas daninhas, carrega no peito o fardo intenso da partida há muito desejada.

E depois de ir


como volto para ti?