Ela estava de costas voltadas, atenta, com o olhar cravado no quadro.
Costas erectas, na espectativa, sem se atrever a desejar nada.
Vozes, silêncio, textos, risos, silêncio.
Murmúrios, silêncio, pausas silêncio.
Desiste de já nem sabe o quê. Concentra-se, porque antes divagara. Endireita-se.
E então, suave como um beijo calado, um toque, uma sensação.
E esse extraordinário ser que se senta atrás dela brinca com os seus cabelos ondulados, desarranjados de Educação Física.
Enrola o cabelo dela nos seus dedos, larga, enrola de novo, como se transmitisse algo que só eles compreendem.
E, depois, a campainha toca e interrompe tudo e todos. Todos os murmúrios, todos os silêncios.
Eles caminham juntos, e ignoram perfeitamente o sucedido.
E, ainda assim, querem-se mais do que ao mundo.
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