quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012



Oh, corpo, como és pesado! Olha, como te quis deixar, hoje, deitado no chão frio, como te quis abandonar e sentir-me leve, como quis cheirar todos os cheiros, ouvir todos os sons e esquecer aquilo que me puxa para baixo. Como quis roer a corda e perder-me longe, longe de mim, longe da mesma face que me faz desviar os olhos do espelho, longe dos mesmo braços marcados, longe do espírito corrompido.
Queria deixar-te, corpo, porque não te quero mais perto de mim, a segurar-me. Quero deixar-te para tentar perder-me só e num lugar inexistente.
Por favor, não me chames ainda de volta, voz. Olha, deixa-me sonhar acordada só mais um bocadinho.
Porque, quando voltar, acho que já não vou conseguir lidar mais com este peso.

1 comentário:

  1. se te perderes, espero que te voltes a encontrar. não abandones o teu físico, ainda vais precisar muito dele.

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