sábado, 4 de janeiro de 2014

Lua Nova

Lua Nova, quem? Eu?
Duplos de mim navegam na noite, cada um acende as estrelas à volta.
Acendem-se os candeeiros lá fora, gastam-se as nuvens do dia, ergo-me novamente, construída de escuridão e leves pinceladas de eclipses violentos.
Em mim, há duas que são eu: uma é a Lua Nova, outra é a Nuvem Negra.
Arrependo-me já desta novidade que me torna pretenciosa, pois é como se dissesse que sou um astro admirado com o mundo. Nada disso é verdade (pouco mais sou do que uma cabeça na lua, vagueando incerta pela Terra), mas sou feita de negro.
Tal e qual sou, é assim a lua, quando se cobre de feridas e se esconde na noite, sem brilhar cá em baixo. Não quero dar nas vistas, e esqueço-me de que a maré do tempo recua e avança sem eu dar conta. Não sou capaz de controlar as marés do meu eu.

Depois, bem no coração desta minha lua, presa com um fio à Terra como balão de ar quente a enfraquecer e a apagar no mar, aloja-se a Nuvem Negra, companheira das horas de sono que ficam por dormir, dos dias que passam como se não passassem sequer. Dos episódios desleixados e apáticos de mim própria.


Mas, dessa, falo-vos depois. Hoje, sou Lua Nova, e mantenho-me com a mesma face. 

2 comentários:

  1. como são terríveis, selvagens, as nossas marés. catarina, lembra-te; algures, em ti, tens os prateados da lua. ilumina-te. e que a tempestade, na luz, encontre o sossego.

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  2. quando não nos dão seguranças não é muito bom que isso aconteça.. pelo menos falo por mim! mas estou à descoberta,vamos ver o que acontece

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