terça-feira, 10 de junho de 2014

Suavemente Emergem As Luzes Nos Passeios

Suavemente emergem as luzes nos passeios, transparentes das janelas. Não se ouvem os carros passar, noite que é noite, é o silêncio de dois corpos barulhentos.
Chão lá em baixo, paraíso lá de cima,
espalham-se os tecidos caídos em desuso da alma
                                                       aglomerado de sensações nossas, mas únicas.
Por entre cada suspiro mergulhado em cascatas de riso melódico, não sou mais eu, mas tão minha.
Complica-se então esta questão do pertencer,
                                                                   porque sou tua
                                                                    na verdade de ninguém sou, nem de mim, apenas perdida por entre o aroma perfumado que é teu e o cheiro adocicado das almofadas.
O meu nome é teu, tal como o teu é dito por entre galáxias do pensamento, em forma de sussurro ou suspiro acalorado do ser eu.
Movimentos calorosos de alegria em forma de ser esquisito, como se união de milhões de células pequeninas formassem um conjunto de dois que são um.

Suavemente, apagam-se as luzes nos passeios, transparentes das janelas.
E fico a ver-te, apagado por entre lençóis que murmuram intrigados, aos quais não respondo.
Não há palavras para cada traço teu, 

deleitam-se todos os meus sentidos, com a tua imagem
                                                                                  lado a lado, palma com palma.
Navegam transeuntes lá fora, e voltamos a esquecer-nos do dia, porque podemos.
Termo-nos, sós, em condições pares de colchões e almofadas espalhadas por entre a rouquidão característica dos amantes.

Ambos correm contra o relógio, avançando devagar por entre as ondas do tempo, qual dos pares ganha:
O dos ponteiros
ou o dos apaixonados, prazenteiros humanos que devagar se esquecem de que o são, na rapidez do amar.

Com fome, desejo e loucura, amo assim
como nunca 
cada traço meu a pertencer a ti
e a ser cada vez mais meu.


4 comentários:

  1. "Com fome, desejo e loucura, amo assim
    como nunca
    cada traço meu a pertencer a ti
    e a ser cada vez mais meu."

    tão belo, conseguiste expressar tão bem esse sentimento sôfrego de amar, não o diria de outra forma. beijo grande pequenina, saudades

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  2. oh, catarina.. se pudesse expressar o quão apaixonante este texto é. há uma certa cadência deliciosa na leitura, mas, simultaneamente, um sôfrego borbulhar de emoções. será assim o amor, a ausência de tudo e a presença na totalidade? e olha, outro beijinho na testa acompanhado de um abraço.

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  3. é incrivel como me consegues sempre prender às tuas palavras!

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  4. o grande problema, querida Catarina, é que um não consegue fazer dois sorrir, sozinho.

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