Compreender não é o mesmo que saber porquê,
e deleito-me nesses mares vazios, de confrontos de espuma onde não existem ondas
ou o mesmo que sentir que há razão de ser para ser assim.
Esparramado o meu sangue pelas cobertas, invisível, sonhado como sempre.
Sonho com morte em noite esbranquiçada, pelas pregas das cortinas e entrelaçada na chiadeira da persiana, que se mantém fechada em revolta
dessa fachada minha onde só existem poesias de carne no peito da página
Devoro todas as palavras e compreendo que não funcione, embora funcionar seja de máquina, e não humano. Não expliquem as vozes o que sentem peitos, porque não sabem o que dizem.
Conveniências a mais e sensações a menos, explodem securas e pensamentos atrozes
odeio estar no ambíguo de mim mesma
que não revelam nada mais do que bocas que se devoram em pensamentos.
Retrocedem mãos que não se querem mas que conhecem o familiar delas mesmas.
É triste ou será só poético?
E poesia é uma vida no deserto.
quarta-feira, 8 de julho de 2015
quinta-feira, 18 de junho de 2015
Preciso de mais, mais, sempre mais, que não me dá vontade de viver. Corrompo-me desesperadamente a tentar ser eu, testando meios de me afundar num oceano de onde não há volta.
Negras são as águas que correm no meu pensamento, eclipsando o sol lá de fora. Negras são também as nuvens, as sombras, que vejo como se me seguissem incessantemente, quais deuses da má fortuna.
Vitaminas. Não. Não, não.
Preciso de viver, por entre a calamidade da escuridão, pintar os olhos de negras cores, veludos que desfaçam a tristeza e deixem apenas a raiva de não saber quem sou.
Quantas mil vezes pergunto se há forma de escapar de quem somos. Acho que a pergunta correta é quando é que finalmente descobrimos a nossa essência.
Chuvas de raios solares, e não é tudo o que preciso esfumar de mim a necessidade de fugir aos desafios, cortar o que me prende como se marioneta defeituosa.
O céu desaba em mim por se manter no sítio.
Negras são as águas que correm no meu pensamento, eclipsando o sol lá de fora. Negras são também as nuvens, as sombras, que vejo como se me seguissem incessantemente, quais deuses da má fortuna.
Vitaminas. Não. Não, não.
Preciso de viver, por entre a calamidade da escuridão, pintar os olhos de negras cores, veludos que desfaçam a tristeza e deixem apenas a raiva de não saber quem sou.
Quantas mil vezes pergunto se há forma de escapar de quem somos. Acho que a pergunta correta é quando é que finalmente descobrimos a nossa essência.
Chuvas de raios solares, e não é tudo o que preciso esfumar de mim a necessidade de fugir aos desafios, cortar o que me prende como se marioneta defeituosa.
O céu desaba em mim por se manter no sítio.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Cinco segundos
Quando tinha dezoito anos, a minha melhor amiga desapareceu. Foi um dia completamente normal, só que eu cansei-me de olhar para as estrelas.
Ela acenou-me, lá de longe, na outra ponta do mundo, e eu não notei.
Voltei-me por cinco segundos. Cinco segundos exatos.
Só.
Cinco.
E ela já lá não estava. Acenei para o infinito, sabes? Como se um voltar do pulso a trouxesse de volta. Estava a chover, lembro-me perfeitamente.
Quem diria que demorava tanto a abrir um guarda-chuva.
Esses cinco segundos? Conto-os para sempre.
E agora, já não me cansa olhar as estrelas. Agora perscruto-as, à procura da sombra dela.
Tem que ter uma sombra
Não é?
Alice parou de andar. Voltou-se para mim e sorriu, sorvendo o fumo do cigarro como se zangada com o mundo.
- Foda-se Sam, o que eu dava para ver uma das tuas sombras.
Porque, se calhar, dizia-me onde ela estava.
E eu podia olhá-la por mais cinco segundos.
Ela acenou-me, lá de longe, na outra ponta do mundo, e eu não notei.
Voltei-me por cinco segundos. Cinco segundos exatos.
Só.
Cinco.
E ela já lá não estava. Acenei para o infinito, sabes? Como se um voltar do pulso a trouxesse de volta. Estava a chover, lembro-me perfeitamente.
Quem diria que demorava tanto a abrir um guarda-chuva.
Esses cinco segundos? Conto-os para sempre.
E agora, já não me cansa olhar as estrelas. Agora perscruto-as, à procura da sombra dela.
Tem que ter uma sombra
Não é?
Alice parou de andar. Voltou-se para mim e sorriu, sorvendo o fumo do cigarro como se zangada com o mundo.
- Foda-se Sam, o que eu dava para ver uma das tuas sombras.
Porque, se calhar, dizia-me onde ela estava.
E eu podia olhá-la por mais cinco segundos.
sábado, 27 de dezembro de 2014
Cai o pano
Enregela-se o ar pelas portadas da janela, abertas de par em par. Congelam-se os pés, dentro da casota onde dormem.
Inspira, expira
o mundo morre em volta.
Que nada mais se erga, e se prove errado o compromisso louco da perfeição. Que nada mais levante o dedo de sentida ilusão de fósforo na noite e estrelas cadentes.
Nada. Exceto ela e o
inspiro, expiro
Nada. Exceto o pano.
Pequena, até o palco finda
até o público evacua
pequena. o pano cai.
Inspira, expira
o mundo morre em volta.
Que nada mais se erga, e se prove errado o compromisso louco da perfeição. Que nada mais levante o dedo de sentida ilusão de fósforo na noite e estrelas cadentes.
Nada. Exceto ela e o
inspiro, expiro
Nada. Exceto o pano.
Pequena, até o palco finda
até o público evacua
pequena. o pano cai.
terça-feira, 21 de outubro de 2014
Quando amas, não precisas de pensar nisso
Imagino-a de lábios cerrados, concentração intensa nas palavras que demora quinze minutos a escrever. Não sabe o que quer ouvir, mas pergunta-mo, mesmo assim.
"Como sabes que amas alguém?"
E eu penso que se me congela a língua, doem-me os dedos de sonhar sequer que devo responder-lhe. Porque vivo intensidades equivalentes ao cheiro leve de maresia, numa tarde de verão a findar, e como flocos de nuvens me escapa o raciocínio lógico de como explicar que distinguir felicidades é uma eternidade num dia.
Na verdade, pergunto-me mesmo se sei responder. Como pôr em palavras radiâncias da felicidade de olhar nos olhos que pertencem a outrem;
como explico, de par em par, os seus sorrisos no meu peito
as viagens feitas desenhos de uma ponta da casa à outra, nos rodopios do chá acabado de aquecer. A vida passa devagar
tudo ao mesmo tempo
na tentativa de não deixar passar nenhum traço dele.
Turbilhão das emoções de um peito que bate, bate forte, contra o meu, sinceros segundos de movimentos exploratórios de alguém que não me deixa, a quem respiro no desejo silencioso de o ter.
Como professar, de forma tão profana, a radiância dos meus olhos ao ver-me de mãos dadas, respirando pesadamente ao fim de um dia de estar longe, voltando a amá-lo.
Quantas impossibilidades tem a vida, se não mais de mil formas de expressar que se quer. Não se percebe que um beijo simboliza promessas do fim do dia.
são as que mais gosto.
Não te sei explicar, pois, como é amá-lo, a ele, daqui do meu eu.
Como sabes que amas alguém?
Quando amas, não precisas de pensar nisso.
"Como sabes que amas alguém?"
E eu penso que se me congela a língua, doem-me os dedos de sonhar sequer que devo responder-lhe. Porque vivo intensidades equivalentes ao cheiro leve de maresia, numa tarde de verão a findar, e como flocos de nuvens me escapa o raciocínio lógico de como explicar que distinguir felicidades é uma eternidade num dia.
Na verdade, pergunto-me mesmo se sei responder. Como pôr em palavras radiâncias da felicidade de olhar nos olhos que pertencem a outrem;
como explico, de par em par, os seus sorrisos no meu peito
as viagens feitas desenhos de uma ponta da casa à outra, nos rodopios do chá acabado de aquecer. A vida passa devagar
tudo ao mesmo tempo
na tentativa de não deixar passar nenhum traço dele.
Turbilhão das emoções de um peito que bate, bate forte, contra o meu, sinceros segundos de movimentos exploratórios de alguém que não me deixa, a quem respiro no desejo silencioso de o ter.
Como professar, de forma tão profana, a radiância dos meus olhos ao ver-me de mãos dadas, respirando pesadamente ao fim de um dia de estar longe, voltando a amá-lo.
Quantas impossibilidades tem a vida, se não mais de mil formas de expressar que se quer. Não se percebe que um beijo simboliza promessas do fim do dia.
são as que mais gosto.
Não te sei explicar, pois, como é amá-lo, a ele, daqui do meu eu.
Como sabes que amas alguém?
Quando amas, não precisas de pensar nisso.
terça-feira, 2 de setembro de 2014
Retrocedem as marés, deglutindo-se por poderes maiores de quem governa os grãos de areia.
Passam mil vezes mil e uma vezes os metros, em ambas as direções distorcidas de uma realidade de alguma forma paralela, onde existo.
Não preciso de dizer quem sou, algodão desnudo de uma essência muito própria, cheiro a perfume de Sr. de Matosinhos e das pipocas de corantes rosados e amarelados, numa mistura regurgitada de quem não sabe ao certo a qual dos dois pertence.
Digo que vejo os metros que passam, e os autocarros que se encontram num ponto só. Vejo a vida, que vive aos pedaços sem mim, simples viajante do tempo, real senhora do nada, que sente tudo da maneira mais desastrosa possível. Amalgama de fios confusos, cujo único sonho de lucidez mora lá longe, perto demais de um pequeno coração.
Afirmo, pois todos os dias a vejo, que a rapariga vestida de negro observa, de guarda-chuva em punho, aparando as neves por entre cada raio de sol.
Não há momento de sossego que salve de cada pensamento onde se intromete, nariguda desenhada com a função principal de me perguntar porquê.
Falem então, entre vocês, pois eu sinto os pássaros, as suas asas em horas a escorrer de um relógio que nunca para e nunca se move, o toque de alguém
diferente de todo o mundo ao redor
que cria casulos em volta dos nevoeiros da alma, e estende a mão a devaneios estupidificados de uma miúda que se julga crescida.
A mulher de negro ri, em descrença. Mas já nada tem a ver comigo, que me perco
por entre os caminhos que começam e acabam nos teus olhos.
Amem-se os pássaros e as asas que os levam em volta do mundo.
E a ti, e ao sorriso que paira entre duas almas.
Passam mil vezes mil e uma vezes os metros, em ambas as direções distorcidas de uma realidade de alguma forma paralela, onde existo.
Não preciso de dizer quem sou, algodão desnudo de uma essência muito própria, cheiro a perfume de Sr. de Matosinhos e das pipocas de corantes rosados e amarelados, numa mistura regurgitada de quem não sabe ao certo a qual dos dois pertence.
Digo que vejo os metros que passam, e os autocarros que se encontram num ponto só. Vejo a vida, que vive aos pedaços sem mim, simples viajante do tempo, real senhora do nada, que sente tudo da maneira mais desastrosa possível. Amalgama de fios confusos, cujo único sonho de lucidez mora lá longe, perto demais de um pequeno coração.
Afirmo, pois todos os dias a vejo, que a rapariga vestida de negro observa, de guarda-chuva em punho, aparando as neves por entre cada raio de sol.
Não há momento de sossego que salve de cada pensamento onde se intromete, nariguda desenhada com a função principal de me perguntar porquê.
Falem então, entre vocês, pois eu sinto os pássaros, as suas asas em horas a escorrer de um relógio que nunca para e nunca se move, o toque de alguém
diferente de todo o mundo ao redor
que cria casulos em volta dos nevoeiros da alma, e estende a mão a devaneios estupidificados de uma miúda que se julga crescida.
A mulher de negro ri, em descrença. Mas já nada tem a ver comigo, que me perco
por entre os caminhos que começam e acabam nos teus olhos.
Amem-se os pássaros e as asas que os levam em volta do mundo.
E a ti, e ao sorriso que paira entre duas almas.
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
Explodem-se-me As Veias
Fumo os pulmões, bem cá de dentro, num vórtice de plena campanha anti-tabaco. Espirais de vozes cantadas, por entre raivas absurdas.
Não há ar puro em mim, que me conspurco por entre peles mordidas de lábios carentes.
A desejar, confusa, perder-me em ti, para não ter de fugir de quem sou, escapando-me aos pedaços viajantes de gemidos profundos.
Vergonha de querer apagar-me em ti pelo infinito mais poderoso que a realidade. Crescendo de doenças por entre a vista cansada, pintarolas em todo o lado
explodem-se-me as veias
cada qual mais negra que a anterior, num santuário de ódio acumulado de ser eu e nunca o reflexo contrário.
Não se ganha experiência por evacuar os sentidos.
O que arde cura. O que não te mata, faz-te forte.
Se tudo o que é dito e desdito sem pensar fosse banido deste mundo, todos iriam cair mortos.
Viva a parvoeira, então. E deixem a raiva sair.
Hoje, golpeio almofadas em vez de te marcar a carne com anseios desesperados de (deixar de) ser eu, apenas por um momento.
Não há ar puro em mim, que me conspurco por entre peles mordidas de lábios carentes.
A desejar, confusa, perder-me em ti, para não ter de fugir de quem sou, escapando-me aos pedaços viajantes de gemidos profundos.
Vergonha de querer apagar-me em ti pelo infinito mais poderoso que a realidade. Crescendo de doenças por entre a vista cansada, pintarolas em todo o lado
explodem-se-me as veias
cada qual mais negra que a anterior, num santuário de ódio acumulado de ser eu e nunca o reflexo contrário.
Não se ganha experiência por evacuar os sentidos.
O que arde cura. O que não te mata, faz-te forte.
Se tudo o que é dito e desdito sem pensar fosse banido deste mundo, todos iriam cair mortos.
Viva a parvoeira, então. E deixem a raiva sair.
Hoje, golpeio almofadas em vez de te marcar a carne com anseios desesperados de (deixar de) ser eu, apenas por um momento.
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