Devo dizer que não estava à espera, nada havia capaz de predizer que a escuridão lá fora seria, por uma vez, maior do que a que está dentro.
A chuva cai com toda a força, mas paralisa por instantes, apenas o tempo que leva a um guarda-chuva atravessar as ruas.
Nunca gostei tanto que chovesse.
Lá dentro, bem longe da realidade, há qualquer coisa empilhada nas mesas, no sofá, nas estantes. Algo desconhecido, mas que secretamente acalma pensamentos turbulentos e mãos que são quase sempre incapazes de estar quietas.
E que costumam estar geladas, de agitadas e nervosas. Hoje, estiveram quentes, calmas. É esse o efeito que tens em mim.
Cada momento em que volto a tocar com os pés no chão, essa realidade gelada e invernal deste meu pequeno espaço, dos meus cobertores, do meu suposto refúgio, lembro-me do teu. Não é que eles estejam bem assentes na terra, porque enquanto se corre pela floresta, como diz a música, sons penetrantes misturados com o psicadélico do verde e do rosa-roxo, corro para o nada e por lugar nenhum, a ouvir vozes, muitas. Nem todas boas.
Mas não faz mal, desde que esteja contigo.
Não há mais para onde ir, nenhum sítio para onde regressar se não este.
Entro sabe-se lá como que espécie de furacão que tudo consome. Por isso peço desculpa.
Não sair, no entanto, é a única coisa da qual tenho certeza.
Garanto.
Não escolho outro caminho, outra encruzilhada.
Não há mais por onde o fazer.
Acredita.
É, simplesmente, verdade.
muito muito obrigada! e eu irei fazer de tudo, pelo menos aquilo que está ao meu alcance, para que o amor não desapareça. gostei imenso por aqui:)
ResponderEliminar"Mas não faz mal, desde que esteja contigo.
ResponderEliminarNão há mais para onde ir, nenhum sítio para onde regressar se não este." adoreeeei catarina!!
a tua escrita cresce de dia para dia, mas sempre houve uma certa aura em torno das tuas palavras, uma neblina ouro pálido na qual nos vemos envolvidos. um mundo muito próprio da tua escrita, parecemos meio que flutuando nela.
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