quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Constituída por pólos negativos e positivos, que se atrapalham, cada um por cima do outro como se não se conhecessem de todo. A Lua Nova...

E a Nuvem Negra.

Pedaços de mim que desejam esventrar-me, ao mesmo tempo que me concentro no meu futuro, que parece demasiado perto e do qual tenho um medo profundo. Pior do que isso sou eu. Eu, brilhante e eu escura, pouco polida, ensanguentada por mim mesma.

A Nuvem Negra apodera-se de mim, deixando para trás a Lua Nova. Despeço-me do fundo do meu ser de tudo aquilo que me acalma, dando razão aos pensamentos excêntricos do eu escuro que me percorre. De unhas presas na pele das minhas costas, desfaço a cicatriz do casulo que me prende por dentro para fora.

Asfixio o pensamento. Afogo-me no meu ser.

Está na hora de estudar. Pego nos livros, apago a escuridão. Acendo a luz que de mim não faz parte.
Sou Lua Nova, sim. Consumida pela escuridão.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Lua Nova

Lua Nova, quem? Eu?
Duplos de mim navegam na noite, cada um acende as estrelas à volta.
Acendem-se os candeeiros lá fora, gastam-se as nuvens do dia, ergo-me novamente, construída de escuridão e leves pinceladas de eclipses violentos.
Em mim, há duas que são eu: uma é a Lua Nova, outra é a Nuvem Negra.
Arrependo-me já desta novidade que me torna pretenciosa, pois é como se dissesse que sou um astro admirado com o mundo. Nada disso é verdade (pouco mais sou do que uma cabeça na lua, vagueando incerta pela Terra), mas sou feita de negro.
Tal e qual sou, é assim a lua, quando se cobre de feridas e se esconde na noite, sem brilhar cá em baixo. Não quero dar nas vistas, e esqueço-me de que a maré do tempo recua e avança sem eu dar conta. Não sou capaz de controlar as marés do meu eu.

Depois, bem no coração desta minha lua, presa com um fio à Terra como balão de ar quente a enfraquecer e a apagar no mar, aloja-se a Nuvem Negra, companheira das horas de sono que ficam por dormir, dos dias que passam como se não passassem sequer. Dos episódios desleixados e apáticos de mim própria.


Mas, dessa, falo-vos depois. Hoje, sou Lua Nova, e mantenho-me com a mesma face. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Entrada

Pela primeira vez, observei o fogo de artifício ao vivo e a cores. Foi uma explosão de sensações no meu pequeno mundo a preto e branco.
Nada me deslumbra mais, ou é mais capaz de arrancar certos desejos das profundezas do meu eu.
Quase escorrem lágrimas dos meus olhos, enquanto sinto o calor da presença da Dó e da sua outra metade, e da Gata Branca. Esta última abraça-me e, juntas, como parte que somos do mesmo ser único, observamos com expectativa o surgir do novo ano. Sinto que os seus desejos são escondidos, voam com o vento fresco das horas da madrugada deste primeiro dia.

Tal e qual os dela, os meus confundem-se na noite e na alvorada, acordados até às tantas da manhã, em silêncio dentro de mim e em conversa com estes três personagens. Uau.

E eu que ainda estava perdida em 2013... Que faço agora, abrindo caminho através de páginas novas de branco imaculado, que não se coadunam com os meus pretos, brancos sujos e cinzentos vividos antes do agora (ai, olha... como me perco este ano no início de algo que não sei experimentar)...


Ainda bem que não estive sozinha.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Novas Personagens de Mim

Ao longo das noites que cobrem o meu ser, desvaneço-me como Lua Nova, coberta de escuridão, invisível aos olhos da Terra.
Não sei de onde surgem os eclipses de mim, tão constantes como raros, sem fases de quarto crescente ou minguante.
Mudam de casa as minhas notas musicais, já não há o Sol e o Ré de antigamente. Agora são novas as personagens que completam a serenata da minha lua, as pessoas à volta das quais orbito. Algumas ainda aqui estão, como a Dó e o Gato Preto... e acima de tudo...

...tu, fá, porque enches a minha alma com um canto estouvado de pensamentos perdidos de amor.
Como o fazes, fá quero-te tanto, e por vezes demonstras-te só num mar de gente que nunca conseguirei ser como tu, inocência da vida.
Pois o meu Sol, agora é outro, bem como o Ré, que agora é a Ré, a minha notinha maravilhosa que muda de casa atualmente, pois as notas musicais precisam de uma sonata para voar.

Encho-me de ar puro e frio da madrugada, abro os olhos para os voltar a fechar, vendo-me como Lua Cheia, bem perto da Terra, longe do tão amado mar... Mar esse como tu, fá.
Agora ano novo, nova escrita, novas notas... Algumas que ficam na mesma, porque de mim são parte...

Quanto às outras, vou descobri-las em quarto minguante...

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Tempo de Natal

Gotas de chuva, do tamanho de lágrimas de um gigante despersonalizado, que se enfurece e rosna, através do vendaval lá de fora.
Por dentro das janelas, soa a música da caneta a raspar no papel, do cérebro em constante apreender de tudo o que o rodeia. Definições, interpretações... Canções de Natal a toda a volta, sem no entanto significarem demais.
Concentro-me no ar frio que entra pelas frinchas da casa, no chão que range e no piano nos meus ouvidos, inspirando flocos de neve imaginários e um serão quente à lareira, rodeada de quem me ama, com aqueles que cá não estão - por estarem muito distantes, ou por serem, simplesmente, pó no caminho - e que estão sempre na minha mente.
Penso em chocolate espesso, em cânticos coloridos, cheios de luz, na escuridão cerrada.

E, enquanto para aqui estou, desejando estudar, esquecendo-me aos poucos do curso mas agarrando-me sempre a ele, penso em quem me lê, neste momento.

Feliz Natal. Rodeiem-se de quem amam, porque são a única forma de afastar o negro, o cinzento. Rodeiem-se de neve imaginária, construam bonecos de neve com vocês mesmos, e partilhem-nos com outros.
Feliz Natal a todos vós. E um ótimo ano de 2014, cheio dos vossos desejos. Os meus?
A minha família, os meus amigos, o fá...

... e passar nos exames.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Noite

À minha volta, luzes na escuridão. O tempo arrefece devagar, deixando marcas de fumos brancos do respirar, ao meu redor. Observo quem se move, com determinação, através do cinzentos dos dias, sem olhar à volta para descortinar onde se encontra.
Passeio-me com indiferença pelas ruas da calçada, onde o branco e o preto se misturam dia após dia, onde o Inverno é rigoroso, em toda a sua beleza.
Abro os olhos para descortinar o nada, no meio do silêncio escuro das tardes e noites dos meus dias. Fecho-os de novo, não me apetece observar.
Passos indiferentes, sem rumo.
O baloiço chia, preso pelas suas cordas de plástico; corrompido pelos anos, tal como eu.
Diz-me, como se cola pedaços quebrados? Como se arranja o que se perde?
Como se luta contra o Sol, sim...

... quando este se levanta todas as manhãs.

Como se pertence à noite? 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O Que Atrai, Mas Mata

Pensamentos voam, florescem dos dedos e cruzam o limiar da sanidade.
Não se encontra, perdida no meio do mar, acompanhada apenas dela mesma. Qual das duas pior companhia, o reflexo no espelho, ou o espelho do reflexo...
... Olha, questões sem resposta.
Debruça-se nas ondas, desesperada pela maré alta, que lhe afogue as lágrimas que correm, sabe-se lá bem porquê, ou de onde,


porque os olhos estão secos. A mente é que inunda.

Os dedos contorcem-se, retorcem-se, fixam-se uns nos outros, impedindo-se de agir, emaranhados e cruzados numa postura neutra, contida.
Desejam-se vícios antigos, imaginam-se vícios novos, rastos de sangue ou fumo no escuro, quem sabe qual.
Entranha-se o gosto pelo destrutivo, saudades de tudo o que se perdeu.

Quão mal fazia, mas como me atrai ainda. Em certos aspetos, olha... (desculpa)


é parecido contigo...