sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Gato Negro (1)

Boa noite pequeno gato, como estás hoje? Pareces-me só, como é teu costume, de pêlo desalinhado e bigodes murchos.
Observo-te de muito longe, porque não posso aproximar-me sem que fujas, assim, num repente, como se não me conhecesses. Somos ainda estranhos não é, pequeno gato negro, fugitivo e desconfiado? Não consegues confiar em mim quando afirmo que tens os olhos mais brilhantes que já vi, que a tua serenidade extrema tem em mim um toque de magia profundo, que me leva a aproximar de ti.
Gato Negro, escuro, fiel companheiro invisível das minhas noites, nada mais és do que um conjunto de personagens. Não te encontras, não te perdes, não podes, já não tens nada para perder, pois não?
Olha, vou-me sentando na beirinha da estrada, à espera que venhas, na tua passada calma, àquela hora habitual, para te observar e esperar que hoje, só hoje, me deixes sentar um bocadinho mais de perto.
Queria abrir caminho para ti, para que pudesses estender a tua pata escura e tocar em luz mas, olha, eu também me preencho da noite. Quero convidar-te, meu pequeno gato quebrado.

Vem, embrenha-te nela comigo, e deixa que me chegue perto.
Só por um dia... Nem que seja só por um...