domingo, 29 de dezembro de 2013

Novas Personagens de Mim

Ao longo das noites que cobrem o meu ser, desvaneço-me como Lua Nova, coberta de escuridão, invisível aos olhos da Terra.
Não sei de onde surgem os eclipses de mim, tão constantes como raros, sem fases de quarto crescente ou minguante.
Mudam de casa as minhas notas musicais, já não há o Sol e o Ré de antigamente. Agora são novas as personagens que completam a serenata da minha lua, as pessoas à volta das quais orbito. Algumas ainda aqui estão, como a Dó e o Gato Preto... e acima de tudo...

...tu, fá, porque enches a minha alma com um canto estouvado de pensamentos perdidos de amor.
Como o fazes, fá quero-te tanto, e por vezes demonstras-te só num mar de gente que nunca conseguirei ser como tu, inocência da vida.
Pois o meu Sol, agora é outro, bem como o Ré, que agora é a Ré, a minha notinha maravilhosa que muda de casa atualmente, pois as notas musicais precisam de uma sonata para voar.

Encho-me de ar puro e frio da madrugada, abro os olhos para os voltar a fechar, vendo-me como Lua Cheia, bem perto da Terra, longe do tão amado mar... Mar esse como tu, fá.
Agora ano novo, nova escrita, novas notas... Algumas que ficam na mesma, porque de mim são parte...

Quanto às outras, vou descobri-las em quarto minguante...

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Tempo de Natal

Gotas de chuva, do tamanho de lágrimas de um gigante despersonalizado, que se enfurece e rosna, através do vendaval lá de fora.
Por dentro das janelas, soa a música da caneta a raspar no papel, do cérebro em constante apreender de tudo o que o rodeia. Definições, interpretações... Canções de Natal a toda a volta, sem no entanto significarem demais.
Concentro-me no ar frio que entra pelas frinchas da casa, no chão que range e no piano nos meus ouvidos, inspirando flocos de neve imaginários e um serão quente à lareira, rodeada de quem me ama, com aqueles que cá não estão - por estarem muito distantes, ou por serem, simplesmente, pó no caminho - e que estão sempre na minha mente.
Penso em chocolate espesso, em cânticos coloridos, cheios de luz, na escuridão cerrada.

E, enquanto para aqui estou, desejando estudar, esquecendo-me aos poucos do curso mas agarrando-me sempre a ele, penso em quem me lê, neste momento.

Feliz Natal. Rodeiem-se de quem amam, porque são a única forma de afastar o negro, o cinzento. Rodeiem-se de neve imaginária, construam bonecos de neve com vocês mesmos, e partilhem-nos com outros.
Feliz Natal a todos vós. E um ótimo ano de 2014, cheio dos vossos desejos. Os meus?
A minha família, os meus amigos, o fá...

... e passar nos exames.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Noite

À minha volta, luzes na escuridão. O tempo arrefece devagar, deixando marcas de fumos brancos do respirar, ao meu redor. Observo quem se move, com determinação, através do cinzentos dos dias, sem olhar à volta para descortinar onde se encontra.
Passeio-me com indiferença pelas ruas da calçada, onde o branco e o preto se misturam dia após dia, onde o Inverno é rigoroso, em toda a sua beleza.
Abro os olhos para descortinar o nada, no meio do silêncio escuro das tardes e noites dos meus dias. Fecho-os de novo, não me apetece observar.
Passos indiferentes, sem rumo.
O baloiço chia, preso pelas suas cordas de plástico; corrompido pelos anos, tal como eu.
Diz-me, como se cola pedaços quebrados? Como se arranja o que se perde?
Como se luta contra o Sol, sim...

... quando este se levanta todas as manhãs.

Como se pertence à noite? 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O Que Atrai, Mas Mata

Pensamentos voam, florescem dos dedos e cruzam o limiar da sanidade.
Não se encontra, perdida no meio do mar, acompanhada apenas dela mesma. Qual das duas pior companhia, o reflexo no espelho, ou o espelho do reflexo...
... Olha, questões sem resposta.
Debruça-se nas ondas, desesperada pela maré alta, que lhe afogue as lágrimas que correm, sabe-se lá bem porquê, ou de onde,


porque os olhos estão secos. A mente é que inunda.

Os dedos contorcem-se, retorcem-se, fixam-se uns nos outros, impedindo-se de agir, emaranhados e cruzados numa postura neutra, contida.
Desejam-se vícios antigos, imaginam-se vícios novos, rastos de sangue ou fumo no escuro, quem sabe qual.
Entranha-se o gosto pelo destrutivo, saudades de tudo o que se perdeu.

Quão mal fazia, mas como me atrai ainda. Em certos aspetos, olha... (desculpa)


é parecido contigo...

sábado, 7 de dezembro de 2013

A Escuridão do Jardim

Destruo-me no meio do negro, automaticamente, sem reflexões idiotas. Dou ouvidos às minhas vozes, que gritam em fúria cá dentro, e não saem para respirar o ar frio da noite.
Já não sei o que digo. As palavras seguem-se, uma após a outra, e eu gostava de saber se procuro convencer-te, ou se desejo acreditar eu própria no que digo. E sei lá o que isso

...é!
De nada serve apertares-me contra o teu peito enquanto a tua cabeça repousa longe da minha. Colo em ti as minhas mãos quentes, na esperança que te despertem.
Desculpa, acordei-te? Olha, fala comigo um pouco, porque me sinto só.
Ouvem-se apenas suspiros, e a erva faz cócegas às sombras. Há vento lá fora, muito leve, que vem bater à porta.
Quem és? Quem sou?
Ninguém permanece acordado no silêncio pesado da noite.
Beijo-te as pálpebras e relembro o teu toque, como que lenha na lareira que sou eu, no fogo em que me transformo, e na chama consumada e fria que fico, quando estás no teu mundo.
Fecho os olhos, estremeço. É madrugada outra vez. E outra, outra...
Madrugada, sim.
Mas nem o Sol que nasce, nem o teu coração que bate ao pé de mim, afastam a escuridão.
Ela? Apodera-se do jardim.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Caderno de Pensamentos (2)

Divago.
Tudo me parece um ruído de fundo, sem significado.
A luz desce, devagar (apaga), condenando-me à escuridão (negro)
(Onde? Onde estou? Quem são vocês?) vozes, que me transmitem pensamentos demasiado pesados (este corpo não é meu), para mim.
Fragmentos de visões, esbatidas, como cera que escorre das velas (frio), sem o calor que costumam transmitir.
Tenho frio, (o meu coração bate, devagar, enregelado, cristalizando aos poucos) dentro de mim.
Memórias de feridas abertas, paralelas a mim (o verniz lasca, lentamente), de onde jorram mágoas e pedaços de um ser que não é nada... (consome-me) ser, só uma imagem parada num espelho, reflexo inexistente de algo (escapou) distante.
Sombras bailam distraidamente por detrás das minhas pálpebras. E é-me familiar esta sensação.
(leva-me... tira-me daqui, por favor, por favor!)

Escuridão... Vem (desculpa...)
Leva-me contigo, através do tempo. (Tenta entender que...)

("O TODO É MAIS DO QUE A SOMA DAS PARTES")... e quando não sabes do que és feito???