segunda-feira, 21 de abril de 2014

Caderno de Pensamentos (4)

Por entre as luzes fortes, a ação à minha frente, escapam-se as pupilas, volto-me à procura de pedaços de ti, à minha beira.
Lado a lado, sinto como nuvem fofa de algodão as tuas mãos nas minhas. Faço questão de verificar se são reais, quem sabe devaneio da minha mente, adoecida pelo querer-te a cada momento

e refrear-me, impedir-me de te olhar como se, verdadeiramente, se formassem constelações no teu olhar.
Espreito-te, então, por entre pausas previamente estudadas, perco-me nas entrelinhas da tua face, nas expressões mais pequenas de ti
cada ligeiro movimento uma variação que faço questão de
decorar. Devagar
mas com a voracidade de quem
engole.

Assustador oxigénio macroscópico da minha sanidade.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Espetam-se os dedos de unhas recortadas na pele, tão macia
não era suposto sê-lo
                                                                                                                             que enoja profundamente, branco luminoso cor de pele, macilento como a face de quem dorme pouco, enevoada por demasiadas vidas que não existem, simplesmente forçando o seu caminho dentro
de mim
cada uma mais exigente do que a outra
Escreve

                                                                                 acordam o pulsar nas minhas veias,
sangue por todo o lado, esventro-me de forma a que saiam o mais rápido possível
Haja alguém que vos enrede! Farto-me das vossa vozes!
CALEM-SE!


Frio e calor tudo junto
miríade de sentimentos, que
não sinto, nada é meu.
Maravilhosa forma de despersonalizar o eu, fragmentando-me.
Cheira a betadine

 Memórias percorrem a parede, reflexos fugitivos no espelho, pelo canto do olho. Apanhada.
Passado aos uivos em mim.

E porque não?
E porquê agora?

Silencia-se o eu que não racionaliza, nuvens carregadas de chuva,

as palavras passam ao lado
até que volto.

"I fucking love you like hell!!"

Está tudo bem.
Chove cá dentro, mas não fora de mim. Escreve, é o que tens que fazer.

Calem-se as vozes desconhecidas que conheço tão bem.
Estou segura.
Já passou. Onda gigantesca, maré que me abocanha... já lá vai.
Trouxeste-me de volta. Delírios novos

apagando fogos antigos.