quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O Meu Gelo

Sinto-me a afundar devagar, mas com uma certeza que me faz desatinar, bem no fundo deste oceano que corre cá dentro de mim.
Fecho os olhos, mas o sono não vem, não me apetece. Em vez disso, aproximam-se murmúrios no silêncio fixo da noite, conversas da minha imaginação. Comigo mesma, ou com outros, já nem sei mais, porque todos me parecem um, e um são exatamente todos, a gritar ao mesmo tempo, a exigir mais do que quero e posso dar.

As noites tornam-se frias, daquele tipo de gelo que se encerra nos ossos, no peito, e que se vai alojando timidamente, depois com mais força e depois à bruta.
Tenho frio, tenho um frio só meu.
E preciso desesperadamente do teu calor, antes que o gelo me cubra e me leve para as profundezas de mim mesma. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Alma Sem Cor

Através da cortina de pétalas de chuva, observo o dia a preto e branco, que parece transmitir, precisamente, o mundo que é o meu, sem ponta de cor, desnudo e mudo, completamente estilhaçado.
Há pedaços de mim em cada gota, lentamente me evado do meu corpo, deixo-o sozinho no colchão que começa a arrefecer, apenas com as lágrimas quentes para me manterem acompanhada.
E toda a sanidade colorida dos dias de Verão, se desfaz, ao mesmo tempo que abro os braços e acolho a minha amada escuridão, e ela se funde em mim, na minha alma sem cor.
"Olá, velha amiga" - diz ela.
Não respondo. Estou em casa, na minha alma descolorada, na chuva fria, nos dias cinzentos.
E, assim, começa de novo o ciclo invernoso e espiral da minha auto-destruição.