sábado, 28 de junho de 2014

Tempo de Café

Tempo de café, e os teus lábios não estão a beijar os meus.
Simulo em almofadas as conversas que temos, enquanto degustamos uma pequena pausa da vida.

Quantos beijos te roubei numa escada, só para de novo os entregares a mim?

Caminho por entre espelhos em segundos, mas não estás.
Faz sol lá fora e chove-me por dentro

Sabes que amo a chuva, não sabes?

Tempo de café, e cada um está do seu lado.
Anseios de ser mais forte do que o que obriga a silenciar a mente e despertar o cérebro.
Palmadas mentais, de ser fraca por querer apenas um abraço teu.
Cheiras bem. Sei disso, porque consigo sentir-te, perfumado, em mim.

Tempo de café e eu aqui, procurando com vontades de desistir ser mais forte, saber mais, rachar ao meio o crânio e deglutir o papel que me rodeia.
Sabes que amo papel, não sabes?

Tempo de café.
Não estou aí, mas beija-me.

Sabes que te amo. Não sabes?

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Suavidades delicadas de adormecer em relvados de fantasia. Quantas vezes
às escuras
                                                                                                                me acordam, abanando-me com força,
deixa-te ir
        transporte angelical por entre veias envenenadas e pulmões negros, que voltam a bater em desespero
busca canibalesca e desorganizada de ar
melancólico de perfurar casulos resguardados.

Matam-me, afirmando que vivo num mundo que não é real.
Asas caem das borboletas, o fumo das chaminés quentes é sugado para dentro, cada vez mais para dentro. Adoece-me.

E depois as janelas abrem, talvez respiração boca-a-boca
leva de mim as nostalgias do incompleto
                                                                                       me transforme de novo em alguém.
Mordisco com os dentes as peles dos dedos, no anseio de me acalmar com o que rodopia em mim. Quantas coisas saber de cor que não sei se soube alguma vez, mas que perceciono sem barreiras.

Respiro fundo. Nas recordações, é onde me perco, porque são elas
e a tua voz
que me trazem ao de cima.

"Make me proud"
I will. Always.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Suavemente Emergem As Luzes Nos Passeios

Suavemente emergem as luzes nos passeios, transparentes das janelas. Não se ouvem os carros passar, noite que é noite, é o silêncio de dois corpos barulhentos.
Chão lá em baixo, paraíso lá de cima,
espalham-se os tecidos caídos em desuso da alma
                                                       aglomerado de sensações nossas, mas únicas.
Por entre cada suspiro mergulhado em cascatas de riso melódico, não sou mais eu, mas tão minha.
Complica-se então esta questão do pertencer,
                                                                   porque sou tua
                                                                    na verdade de ninguém sou, nem de mim, apenas perdida por entre o aroma perfumado que é teu e o cheiro adocicado das almofadas.
O meu nome é teu, tal como o teu é dito por entre galáxias do pensamento, em forma de sussurro ou suspiro acalorado do ser eu.
Movimentos calorosos de alegria em forma de ser esquisito, como se união de milhões de células pequeninas formassem um conjunto de dois que são um.

Suavemente, apagam-se as luzes nos passeios, transparentes das janelas.
E fico a ver-te, apagado por entre lençóis que murmuram intrigados, aos quais não respondo.
Não há palavras para cada traço teu, 

deleitam-se todos os meus sentidos, com a tua imagem
                                                                                  lado a lado, palma com palma.
Navegam transeuntes lá fora, e voltamos a esquecer-nos do dia, porque podemos.
Termo-nos, sós, em condições pares de colchões e almofadas espalhadas por entre a rouquidão característica dos amantes.

Ambos correm contra o relógio, avançando devagar por entre as ondas do tempo, qual dos pares ganha:
O dos ponteiros
ou o dos apaixonados, prazenteiros humanos que devagar se esquecem de que o são, na rapidez do amar.

Com fome, desejo e loucura, amo assim
como nunca 
cada traço meu a pertencer a ti
e a ser cada vez mais meu.