sábado, 25 de fevereiro de 2012

Amor. Conheço a palavra, atuo como quem não sabe, desconheço o significado. E perturba-me, perturba-me muito, não ser capaz de distinguir, de ler entrelinhas, de compreender de onde surgem os sentimentos.
Perturba-me, mas rapidamente me esqueço deles.
É só quando abro o livro, quando me deixo levar numa viagem, que me volta ao pensamento, subitamente, como uma brisa de verão com o peso de um vendaval.
Não sei o que é, olha, desculpa, mas o que devo sentir? Não te aproximes.
Olha, gosto de sorrir de longe, é assim que eu amo, de longe, sempre, no escuro, nos bastidores. De perto não, nunca, não sou capaz. Mantenho-me na sombra e deixo que seja o meu olhar a refletir a luz.
Mas os meus olhos? Nunca. Não têm luz suficiente que não seja apagada pela minha própria incapacidade de atuar e de perceber.
Olha, eu observo. Deixa-me suspirar.
De longe. Só de longe.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


Não deixo que vejam o mundo pelos meus olhos, porque está desfocado e não tem zoom.
"O que é que isso quer dizer?"
Quer dizer que afasto de mim tudo o que é belo e tudo parece virado do avesso...

sábado, 18 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012



Oh, corpo, como és pesado! Olha, como te quis deixar, hoje, deitado no chão frio, como te quis abandonar e sentir-me leve, como quis cheirar todos os cheiros, ouvir todos os sons e esquecer aquilo que me puxa para baixo. Como quis roer a corda e perder-me longe, longe de mim, longe da mesma face que me faz desviar os olhos do espelho, longe dos mesmo braços marcados, longe do espírito corrompido.
Queria deixar-te, corpo, porque não te quero mais perto de mim, a segurar-me. Quero deixar-te para tentar perder-me só e num lugar inexistente.
Por favor, não me chames ainda de volta, voz. Olha, deixa-me sonhar acordada só mais um bocadinho.
Porque, quando voltar, acho que já não vou conseguir lidar mais com este peso.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

As noites são mais frias que os dias, mais escuras, mais assustadoras. E ela costumava achar engraçado como as sombras se entrelaçavam nos seus dedos quando ia dormir, e as pequenas luzinhas do relógio cantavam as horas num silêncio falador, que a embalava.
Agora, já não acha piada, pois descobriu essa faceta gananciosa da noite, a que rouba a luz, a que leva a lua e faz temer que o sol não nasça. Aquela faceta que amarra à cama, acorrenta uma alma e tira o brilho a um olhar, que fica marejado de lágrimas. Aquela faceta que sussurra incapacidades e vergonhas, medos e falhas. Tantas, tantas.

E ela fica muito quieta, só a ouvir a sua respiração, e a pensar nas suas histórias, em contos de outras eras, em maravilhas desconhecidas, que a ela são estranhas, mas com as quais sonha acordada. E, durante a noite, vive um pesadelo melodioso e atraente, do qual não quer acordar.

Olha, como deseja, entre suspiros calados e uma respiração entrecortada por lágrimas, aquele contacto doce de uma alma amiga.
Olha, sol. Preciso de um abraço.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Fá (1)


Parece-me que me faz bem, a tua companhia, as tuas palavras. Fazem-me bem as conversas despreocupadas, de coisas simples. Fazem-me bem as caminhadas, as corridas.
Fazem-me bem as tuas palavras, sim. Acima de tudo, fazem-me bem as tuas palavras

sábado, 4 de fevereiro de 2012


Foi mais do que esperava, um passeio à praia acompanhada pelo Sol, pela Dó e pelo Ré. O barulho das ondas, os risos e as brincadeiras envolveram-me e senti-me bem, como já não me sentia à muito tempo. Mais eu, mais minha, mais deles. E senti, de forma impossível de descrever, o que é amizade quando percebi que, Sol, pões tanto de parte para estares comigo e me veres sorrir.
Sabem, minhas três notinhas de música, é fim de semana e tenho saudades vossas, mas de certeza que foi a melhor forma de acabar a semana possível, o nosso passeio.
Hoje, olhem, continuo com medo de afastar o Sol, de magoar a Dó e o Ré, mas nenhum deles parece tão longe de mim.
Cuidado, que a esperança engana, engana muito e envolve-nos num sonho acordado. Mas, olhem, vou sonhar mais um bocadinho. Só mais um bocadinho.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sol (3)

Porque perguntas? Que necessidade tens de perguntar se sabes a resposta para as tuas perguntas? E, olha, ninguém precisa de perguntas, só de respostas, de alguém que lhe indique o caminho, aliás, olha, só preciso de uma saída.
Não sei porque não te respondi, embora pense que sim. Olha, acho que se chama medo. Medo de não controlar tudo, como é meu costume, medo de me sentir pequena, mais pequena do que sou; medo de não conseguir esconder; medo de precisar de um abraço e não poder pedir. Por medo. Foi simplesmente por isso.

E, olha, já é força do hábito afastar aqueles que se preocupam e dói-me, dói-me pensar que vou fazer o mesmo contigo, por isso, desde já, desculpa.
Eu sei que entendes.