terça-feira, 26 de novembro de 2013

Fim do Mundo


Nem sei se ainda tenho sombra, ou se apenas duvido dos batimentos do meu coração.
Estou encarcerada, nas quatro paredes que formam o meu ser. Não sei de mim, tal como tu.
Estranhamente, dás-me a mão, percorrendo comigo esse nosso caminho, que não vai ter a nenhum lado.
A tua voz chama por mim, desperta batimentos irregulares, leva-me pela mão através de um certo país das maravilhas, todo ele meio apagado, cheio de tudo aquilo do qual desejo fugir, escapar. País das Maravilhas impiedoso, como já dizia Murakami. No fim de tudo, ele é que tinha razão.
Diz-me, consegues trazer de volta o meu coração? Vai tudo ficar bem?
É que tenho medo. Do frio nas minhas mãos, da escuridão do céu, das sombras que me fogem por entre os dedos, do passado que não agarrei e do futuro que me escapa.
Tu também tens medo. Só que os teus medos são diferentes dos meus.
Beija-me, bem no topo da cabeça. E sussurra-me, à medida que o vento revolteia os meus cabelos, e tento tocar-te; tu que me escapas

estás tão perto, mas sinto-te tão longe


Vai ficar tudo bem. Amo-te.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Caderno de Pensamentos (1)

Pedras na calçada são tudo o que vejo.
Pedras na calçada, silenciosas, que não parecem despertar com os nossos passos de gigante, que ressoam nos meus ouvidos parcialmente ensurdecidos;


e sapatos negros que parecem esperar não se sabe bem o quê.

Luzes, negro. Reflexos. O som da água a brotar das magníficas bestas aladas que parecem sobrepor-se a tudo o resto.
Um relance pelo canto do olho, e laranja e negro! ao redor, numa combinação ao mesmo tempo maravilhosa e nostálgica.


Uma sombra negra acerca-se de mim, levando-me por um momento através da entrada para um mundo novo, onde me sinto alguém.
O toque repetido da água, que se mistura com o sangue que ferve nas veias...

... Está terminado.

Foi assim que renasci.